Cinzas e Diamantes
(Popiól i Diament, Polônia, 1958, PB, 103')
Direção: Andrzej Wajda.
Elenco: Zbigniew Cybulski, Ewa Krzyzanowska e Adam Pawlikowski.
Em meados da década de 50, o cineasta polonês Andrzej Wajda, então apenas entrando nos 30 anos, irrompeu no cenário cinematográfico mundial com uma trilogia brilhante e fortíssima - Geração (1955), Kanal (1957) e Cinzas e Diamantes (1958) - sobre as transformações que a Polônia vinha experimentando, da ocupação nazista à anexação pelo bloco soviético.
Cinzas e Diamantes, a última parte da trilogia, abordando acontecimentos passados durante a Segunda Guerra Mundial na Polônia, é considerado uma das maiores obras-primas do cinema mundial e baseia-se nas experiências de Jerzy Stefan Stawinski, autor do livro que deu origem ao roteiro, um patriota polonês que, aos 18 anos de idade, participou da batalha por Varsóvia em 1939 e, em 1944, do Levante de Varsóvia.
Cinzas e Diamantes foi considerado em sua estréia o melhor filme polonês já realizado.
A ação se passa no último dia do conflito. Maciek Chelmicki (interpretado por Zbigniew Cybulski, o ator que ficou internacionalmente conhecido como o James Dean polonês), um jovem membro da Resistência, aliado à facção que se opõe ao novo regime comunista, é contratado por uma organização de direita para matar um líder comunista em uma aldeia.
O guerrilheiro cai de amores por uma garçonete e começa e pensar em desistir de sua vida de combatente, entrando em crise: rebelar-se ou cumprir a ordem superior cometendo o crime quando a guerra chega ao seu fim.
O livro de Jerzy Andrzejewski foi uma das obras literárias mais apoiadas pelo governo comunista polonês do pós-guerra.
Foi leitura obrigatória nas escolas, ultrapassou 20 edições na República Popular da Polônia, sendo apontado como dos mais importantes escritos no país.
Da mesma forma foi recebido o filme Cinzas e Diamantes.
Após a queda do regime comunista em 1989, surgiram críticas em relação à obra de Andrzejewski como também ao filme de Wajda.
Um discurso contra o absurdo da guerra - o pai de Wajda foi assassinado no início do conflito e ele mesmo lutou na resistência contra os nazistas -, Cinzas e Diamantes mereceu vários prêmio internacionais, entre eles da Academia Britânica de Cinema e do Festival de Cinema de Veneza, ambos em 1959.
Os filmes da trilogia são protagonizados por atores diferentes, mas seus personagens são todos recortados do mesmo tecido: uma mescla de desilusão, cinismo e rompantes de idealismo. Visto em conjunto, a trilogia compõe um instantâneo de um país partido até a espinha por toda sorte de catástrofe - um retrato mais duradouro pela propensão de Wajda a combinar o realismo de sua narrativa a fortes tons simbólicos e uma encenação altamente teatral, no melhor sentido da palavra.
Cinzas e Diamantes foi lançado em DVD , numa edição especial para colecionadores, repleta de extras. Documentários, entrevistas e comentários de especialista, todos com legendas em português, permitem que o amante do cinema conheça em profundidade a genialidade do cinema de Andrzej Wajda.
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